ENSINO Comissão dos
Professores da Área Consular de Frankfurt Ensino
Português no Estrangeiro ao Serviço de Políticas de Corredor e de
Interesses menos Nobres "Instituto
Camões" e "Coordenações
Gerais do Ensino" a expressão de políticas descoordenadas e concorrentes
Fomento de
cursos para elites em detrimento dos luso-descendentes. Uma
Proposta O ensino de língua materna (português) é o assunto de maior interesse para as comunidades portuguesas radicadas pelo mundo. Ele está contemplado na Constituição. O governo tem-no porém reduzido a uma situação de favor manifestando-se interessado apenas em formas reducionistas de ensino que levem os luso-descendentes a serem estrangeiros em Portugal. À falta dum conceito global para uma política de fomento da língua e cultura portuguesas, e na vigência duma orgânica resultante duma consequente desarticulação entre os parceiros (ministérios, administração e política) criou-se uma administração em vácuo que tudo possibilita e legitima. Atendendo à sua acção não são justificáveis os imensos gastos que o erário público gasta com os serviços do sector.
Situação: A situação é caótica, injusta e degradante. O governo porém
parece viver bem entre a indefinição cocepcional e uma administração
autista que o serve. O mesmo, quando apertado, refugia-se no subterfúgio
do apregoado "paradigma do
ensino integrado" nos sistemas curriculares de ensino dos países de
acolhimento, encobrindo a desresponsabilização em via no que respeita ao
"ensino paralelo" da língua materna. Ao privilegiar o "ensino integrado"
parece porém ignorar que, por exemplo na Alemanha, o ensino integrado é possível , a
expensas da Alemanha, paralelamente com o ensino da língua materna, desde
que haja procura (quorum) e docentes. Unilateralmente o governo tem vindo
a acelerar o processo de extinção do ensino da língua materna que se
destina fundamentalmente aos descendentes dos emigrantes argumentando com
uma política de integração do Português como língua estrangeira, nas
escolas dos países de acolhimento, à qual porém poucos luso-descendentes
terão acesso e subsidiando ainda o ensino dos alemães. Está a seguir-se uma política de fomento de cursos em
certos lugares para certas elites, em detrimento e à custa dos
luso-descendentes filhos de trabalhadores.
Desde 1998 os
serviços da administração pioraram passando a grassar o autoritarismo e o
recurso a ilegalidades, colocando-se a Coordenação do Ensino e com ela a
administração de costas voltadas para uma parte do professorado
(discordenção da Coordenação) e das comunidades lusas. A resignação por
parte do professorado e de muitas associações de encarregados de educação
tem sido notável; a discriminação de professores e cursos é gritante; o
partidarismo desfarçado da Coordenação Geral do Ensino, fomentando um
jornal de tendência como porta voz da Coordenação junto das associações de
pais é apenas um pequeno exemplo do àvontade com que os nossos grandes
estão; a prepotência por parte da
Coordenação de Ensino na Alemanha não tem sequer poupado as autoridades
alemãs por vezes envolvidas em questões ridículas impróprias de
pessoas particulares e menos ainda de uma instituição da embaixada onde a
palavra diplomacia parece ser estrangeira.
A nível de estruturas e de organização administrativa há
imensos déficites provenientes da falta de coesão estrutural interna e
também resultante de interesses concorrentes e mesmo contraditórios (dos
ministérios) em jogo. O Instituto Camões por um lado e as Coordenações
Gerais do Ensino por outro são a expressão concreta e notória de políticas
descoordenadas e de
interesses por vezes contrários dependentes à mercê de forças entre os
ministérios da Educação, dos Negócios Estrangeiros e da Cultura. À
situação catastrófica a nível conceptual, administrativo e de gerência de
recursos bem como à má administração económica juntam-se o amadorismo e o
encrustamento dum funcionalismo rutineiro superficial que esgota a maior
parte da sua actividade na execução de actividades sem sentido em accionismos burocráticos para
burocratas. À falta de uma
política coesa e duma correspondente instituição administrativa
responsável tem-se um administração desresponsabilizada e incompetente ao
serviço de políticas de corredor e de interesses quetionáveis.
Neste sentido, o governo PS, para dar resposta a interesses partidários, politizou o cargo de Coordenadores passando estes a ser nomeados, não os subjugando a concurso e concedendo-lhes competências tendentes à desresponsabilização das administrações (dos diversos ministérios) assumindo, os Coordenadores instrumentalizados, uma função de desresponsabilizadores duma administração orgânica e de irresponsáveis na medida em que por um lado evitam propriamente o controlo administrativo e por outro servem melhor interesses considerados oportunos. Esta medida tem-se revelado catastrofal com consequências irreparáveis. A situação nunca esteve tão mal e tão desesperada como nos últimos 4 anos; o medo não parece ser realidade só entre os professores como até na própria Coordenação. O perigo deste modus vivendi et faciendi está no envolvimento maquiavélico do seu conceito e da sua práxis. Embora contra os interesses globais do Estado ele presta-se a servir os interesses partidários dos governos, motivo talvez pelo qual até agora os partidos mesmo da oposição, no que se refere a esta questão, só estejam interessados num discurso distante sobre o assunto longe duma análise baseada no levantamento exaustivo dos problemas mediante audições a diferentes níveis e entidades. Deste modo não têm de se empenhar na reformulação e na reestruturação profunda da política de promoção de língua e cultura portuguesas no estrangeiro. Segundo a devisa "quem não vê não peca". Neste subsistema não só há hipótese de se alojar pessoas partidariamente gratas como de manipular dinheiros. Nele também se pode jogar com orçamentos de várias instituições e com os subsídios dos estados alemães com possibilidades para fundos de meneio manobráveis. (Em 1998 o governo desligou-se de 39 professores na Alemanha deixando de lhes pagar a complementação; para onde tem ido esse dinheiro? ) Problema dos sindicatos. Os sindicatos portugueses em acção na diáspora não se têm sentido vocacionados para dar resposta às necessidades duma política de ensino no estrangeiro. Também eles não têm estruturas capazes de elaborar conceitos globais para uma política de fomento da língua e cultura portuguesas. Mesmo apenas no que respeita à representação dos interesses do professorado a exercer no estrangeiro, os sindicatos vêem-se com dificuldades insuperáveis pelo facto de se encontrarem em grande conflito de interesses contrditórios entre o professorado a exercer em Portugal e o professorado a exercer no estrangeiro, que representam.
Algumas propostas para uma solução da problemática: O perfil de professor até agora apenas tem sido definido por critérios pedagogico-didácticos dos candidatos ( bom se considerarmos apenas o profissional dentro da escola) não estando adequado às necessidades a esta modalidade de intervenção nem às necessidades das comunidades. A nova prática, com os seus critérios para contratação local de professores, nem sequer interessada parece em salvaguardar os critérios meramente pedagogico-didácticos . O trabalho de multiplicadores nas comunidades migrantes exige dos agentes características especiais que comportem também aptidões alargadas e adequadas ao papel a ter na promoção de actividades associativas e no diálogo com as diferentes instituições e iniciativas do país de acolhimento. Neste sentido seria urgente uma reestruturação dos conteúdos dos Cursos de formação de professores de modo a integrar também outros multiplicadores culturais das comunidades lusas e não só...
Optimização de política e de serviços No sentido de dar resposta à importância do fomento da língua e cultura portuguesa no mundo e à realidade das comunidades lusas, é urgente equacionar e elaborar uma política coesa de promoção e fomento da língua e cultura, que dê resposta às oportunidades e necessidades diferenciadas dos países e tenha em conta os mais variados destinatários, para lá das visões e dos interesses específicos de cada ministério nela envolvido.
Tal projecto teria que integrar numa só estrutura as variadas
vertentes a contemplar: uma
vertente virada para o Ensino integrado nos sistemas (currículos)
oficiais do ensino dos
diferentes países; uma vertente virada para o ensino paralelo - o ensino
de língua materna e as comunidades lusas; outra vertente seria o ensino
nas universidades estrangeiras; finalmente uma vertente que se ocuparia do
ensino nas academias (universidades populares), e virada para a
generalidade, o turista e intervenção nas várias iniciativas a nívela de
escolas e instituições de formação e tempos livres (bolsas), etc. As anomalias administrativas resultantes também da colisão de interesses interminesteriais só poderão ser corrigidas mediante uma cura radical a nível conceptual com uma organização organigrâmica administrativa coesa, responsável também por todo o pessoal. A criação de uma instituição independente de serviços com competências definidas e responsável por toda a política de fomento da língua e cultura no estrangeiro seria a resposta lógica aos interesses de Portugal. Uma instituição potencialmente predestinada para assumir as tais responsabilidades e competências de supra-estrutura administrativa autónoma seria o "Instituto Camões". Todo o esforço na promoção da língua e cultura portuguesa é um investimento no futuro .
António Justo Comissão dos Professores da Área Consular de Frankfurt (Estados Federados de Hessen e da Renânia-Palatinado) C/o António da Cunha Duarte Justo Rhoenstr. 56 D- 34134 Kassel, Alemanha Tel/Fax: 0049 561 407783; E-mail: A.C.Justo@t-online.de
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